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Você é a primeira jornalista da terceira fileira?

13/06/2011

Quando planejei escrever o post ‘Nordeste a trabalho’, puxei uma conversa com a amiga Keila Guimarães via Skype. E qual seria a surpresa se ela contasse que foi uma das repórteres que acompanhou o lançamento da Iveco na Bahia! Da nossa conversa, já tirei algumas informações presentes no post. E da conversa, também surgiu o convite para que ela contasse as próprias impressões de participar deste evento de grande porte planejado para os jornalistas. Afinal, nada como saber o que o ‘lado de lá do balcão’ tem a dizer sobre as ações que as assessorias planejam, não é mesmo?

Depois da conversa, assisti ao vídeo novamente. E lá estava ela, no minuto 1:20, na primeira cadeira da terceira fileira à direita. Quase difícil reconhecer alguém que aparece em um momento tão rápido do vídeo, ao lado de várias outras pessoas. Mas quando é alguém que faz parte da sua história, fica fácil reconhecer!

 

Nordeste a trabalho, por Keila Guimarães – Repórter do jornal Propmark

Em abril, fui escalada em meu jornal para cobrir o lançamento da Iveco. Achei que seria mais uma coletiva de imprensa das tantas que acontecem em São Paulo. Surpreendeu-me o local escolhido: Hotel Transamérica, ilha de Comandatuba, Ilhéus, Bahia. Três dias num resort para acompanhar o lançamento de uma linha de extrapesados da montadora de caminhões pertencente ao grupo Fiat. Que performático, pensei.

A empresa escolheu o local para lançar o Stralis Eurotronic, linha de extrapesados com o qual quer dar seu grande salto em participação de mercado. Hoje, a Iveco ocupa a quinta posição em market share no País, atrás de Volvo, Mercedez-Bens, Volkswagen e Scania. É uma posição pouco confortável se lembrarmos que a empresa é a segunda maior produtora de caminhões no mundo e que está no Brasil há quase 15 anos.

Em 2007, com apenas 3,6% de participação de mercado no Brasil, a Iveco lançou um plano de desenvolvimento, e um novo presidente foi trazido para operar na unidade brasileira a estratégia para toda a região da America Latina.

A montadora atentou para a área de comunicação. Foi criada uma diretoria específica para o setor (pois é, eles não tinham uma) e o executivo Marco Piquini, com 20 anos de atuação no grupo Fiat, foi chamado para assumir o cargo de diretor de comunicação para a América Latina. Foi então que começaram os lançamentos performáticos da empresa. Num ano, colocaram os caminhões num cruzeiro marítimo.

O relacionamento com a imprensa foi fortalecido. A relação com clientes, também. Há dois anos, me contou Piquini em entrevista, havia pouco mais de 60 jornalistas no lançamento de um dos modelos da linha Stralis. Em 2011, estiveram presentes 130 profissionais.

Em Comandatuba, o evento transpirou organização. A Iveco gastou os tubos ali para impressionar a imprensa, é verdade. Mas pelo menos fez direito. Após o lançamento do produto, explicado minuciosamente por um time de executivos devidamente preparado, a sala de imprensa foi colocada à disposição dos jornalistas. Telefones foram utilizados para contatos com as redações, para brigas, discussões familiares. Mas pelo menos havia um telefone ali. Biblioteca e acesso à internet foram disponibilizados durante todo o período.

Após a apresentação do produto, os executivos foram levados para uma sala ao lado da de imprensa, de onde não saíram até atender o último repórter. Gravaram com todos os jornalistas de TV e de rádio que solicitaram entrevistas individuais. Depois atenderam às demandas dos repórteres de impresso. Minha pauta era sobre estratégias de marca da Iveco. A da jornalista ao meu lado, sobre o novo câmbio automatizado do Stralis. E todos fomos atendidos.

Alguém pode questionar: “Ah, mas a empresa estava lançando produtos, tinha interesse em disponibilizar informações!” É verdade. Mas nem o lógico é tão óbvio assim. Vide o caso de Eudora, nova unidade de negócios do grupo Boticário, lançada em fevereiro, e aprenda como uma empresa pode fazer do lançamento de 150 produtos um fiasco: colocar os 100 jornalistas numa sala tão escura que eles não consigam nem ao menos fazer suas anotações; não abrir para perguntas; não disponibilizar executivos para entrevistas; não atender solicitações das redações após o lançamento. Siga essa receita e você terá algumas dezenas de redações bem irritadas com sua coletiva.

Não rolou

Cronograma obedecido à risca, solicitações atendidas, informações úteis para o trabalho dos jornalistas – é disso que me lembro quando penso em Iveco. O profissionalismo de seus executivos e a equipe de comunicação altamente capacitada também me vêm à mente. Isso significa o seguinte: quando um release da empresa chegar na minha caixa de entrada, com certeza vou me dar, pelo menos, ao trabalho de ler.

Mas algumas coisas eu tiraria do cardápio: a chegada por balsa, demorada, só para criar um “clima”. Viria por terra numa boa. As baianas nos recepcionando com pulserinhas do Senhor do Bonfim e dançando ao som de Ivete Sangalo – desnecessário. Recepção com espumante também seria suprimida. Deixaria só as taças com água de coco. Recepção de trabalho com álcool não é de bom tom (e olha que eu adoro espumante!).

From → Eventos, Imprensa

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